A principal função das vigas em projetos de estruturas usuais é o recebimento das cargas dos pavimentos (lajes), transferindo-as para os pilares de apoio. Por ser o principal carregamento em grande parte das vigas do pavimento, é importante conhecer a parcela das cargas que são transferidas das lajes para as vigas de bordo (apoio).
Dando continuidade ao post anterior, onde exemplificamos a DETERMINAÇÃO DE MOMENTOS EM LAJES MACIÇAS RETANGULARES A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DE QUADROS (TABELAS DE BARES), utilizaremos as tabelas desenvolvidas por PINHEIRO (1994), de acordo com a NBR 6118, para a determinação das reações das lajes maciças retangulares nas vigas de bordo (apoio) em 3 exemplos de cálculo.
EXEMPLO 1
Calcule as reações da laje retangular (imagem abaixo) nas vigas de apoio. Considere os seguintes carregamentos atuantes:
Peso próprio:
Carga de revestimento (permanente):
Carga de utilização (variávvel):
- 1º PASSO: Cálculo de
Antes de determinar o valor de , precisamos definir qual dimensão da laje representa e qual representa .
Por definição, será sempre a menor das dimensões a laje, portanto, .
.
Note que os valores possíveis na tabela para são sempre maiores que 1.
Portanto:
- 2º PASSO: Cálculo do carregamento total atuante
Temos que o carregamento total atuante na laje é:
Ou:
- 3º PASSO: Obter os valores dos coeficientes em tabela
A partir do valor de e das condições da vinculação da laje, podemos utilizar as tabelas para obter os coeficientes que serão utilizados para o cálculo das reações da laje nas vigas de bordo Observe que a laje presente no exemplo 1 possui as mesmas condições de vinculação do Caso 2B, conforme tabela abaixo.
Temos para a laje do EXEMPLO 1 os coeficientes:
- 4º PASSO: Cálculo das reações das lajes nas vigas
O cálculo das reações das lajes nas vigas de bordo (apoio) é realizado pela equação:
Portanto:
- Reação na viga do bordo (apoio) 4:
- Reação na viga do bordo (apoio) 2:
- Reação nas vigas do bordo (apoio) 1 e 3:
5º PASSO: Verificação das cargas totais
Podemos verificar se os carregamentos transferidos às vigas representam, de fato, todo o carregamento da laje de maneira simples. Observe que o carregamento transferido às vigas é admitido linear, portanto, basta multiplicar pelo comprimento do bordo e somar os resultados obtidos.
- Carregamento total na viga do bordo (apoio) 4:
- Carregamento total na viga do bordo (apoio) 2:
- Carregamento total nas vigas do bordo (apoio) 1 e 3:
O carregamento total transferido às vigas de apoio é:
Comparando com o carregamento total da laje, dado por:
Observe que o carregamento total obtido pela utilização dos quadros se apresentou ligeiramente superior (a favor da segurança) à carga total da laje:
APLICAÇÃO DIRETA DO MÉTODO DAS CHARNEIRAS PLÁSTICAS
Para realizar uma comparação dos resultados obtidos a partir da aplicação direta do método das charneiras plásticas, temos que:
- A1 = 1,65 m²
- A2 = 6,47 m²
- A3 = 1,65 m²
- A4 = 3,73 m²
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Note que, através da utilização da tabela desenvolvida por PINHEIRO (1994), a carga transferida para o bordo (apoio) 4 é superior ao valor obtido pela aplicação direta do método das charneiras plásticas:
- Método das Charneiras Plásticas
- Tabelas PINHEIRO (1994)
A explicação é simples: o método das charneiras plásticas considera “engastamento total” do bordo 2 em questão e, afim compensar as possíveis reduções do momento negativo pela compatibilização de esforços e/ou atuação de “engastamento parcial”, PINHEIRO (1994) propõe um acréscimo no carregamento do bordo (apoio) 4 (oposto ao bordo engastado).
Para outros típos de vínculos, utilizar as tabelas abaixo: