Neste exercício, apresentado como EXEMPLO 5.8 no livro de ANÁLISE ESTRUTURAL do autor Aslam Kassimali, vamos analisar a viga isostática abaixo e traçar os diagramas de momento fletor e esforço cortante.
Utilizaremos o método das seções para definir as equações que determinam os esforços em cada segmento da viga.
PROCEDIMENTO DE CÁLCULO: EXERCÍCIO ISOSTÁTICA
1º PASSO: VERIFICAR GRAU HIPERESTÁTICO
Para que sejam determinadas as reações de apoio, devemos verificar o grau hiperestático da estrutura em questão. Sendo:
número de reações de apoio (HA, VA e VB)
número de equações de equilíbrio
Temos, portanto, que o número de incógnitas (reações de apoio) é igual ao número de reações de equilíbrio. A estrutura é ESTATICAMENTE DETERMINADA EXTERNAMENTE.
grau hiperestático
Além disso, podemos perceber que a estrutura é ESTATICAMENTE ESTÁVEL EXTERNAMENTE pois os apoios promovem reações capazes de dar estabilidade à estrutura.
2º PASSO: DETERMINAR AS REAÇÕES DE APOIO
Utilizaremos as três equações de equilíbrio para determinar as reações nos apoios:
Não há cargas horizontais, portanto, a reação horizontal no apoio é igual a zero.
Para definir os valores respectivos de VB e VC, utilizaremos a 3ª equação de equilíbrio:
Momento no ponto B
Sendo:
Portanto:
3º PASSO: DETERMINAR OS ESFORÇOS SOLICITANTES
Para determinar os esforços solicitantes (cortante e momento) ao longo da viga, devemos analisar cada segmento separadamente. Os trechos são definidos sempre que há mudanças no carregamento e reações de apoio.
- SEÇÃO S1 (A – B):
Eq. cortante
Eq. momento fletor
No caso de carregamento triangular, conforme a seção S1 avança a uma distância x, a carga considerada é igual a .
Além disso, podemos notar que se trata de uma equação de 2º grau e o gráfico do esforço cortante será em forma de parábola para esse tipo de carregamento. Calculando o valor da cortante para o centro de carga, ou seja, para x = 2/3 do comprimento:
Para o cálculo do momento fletor, também é necessário estar atento à consideração da carga e a sua atuação a 1/3 da seção S1 considerada (substituição por carga equivalente ).
Além disso, podemos calcular o momento atuante onde se encontra o centro de carga, ou seja, para x = 2/3 do comprimento:
- SEÇÃO S2 (B – C):
Eq. cortante
Eq. momento fletor
No ponto B, onde há um apoio e reação vertical igual a 250,1 kN, há uma descontinuidade no valor do esforço cortante. E, conforme a seção S2 avança de B para C, o esforço cortante recebe a adição contínua de carga (carga distribuída). Dessa forma, a variação de carga entre B e C será linear.
Para a análise do momento fletor na seção S2, trecho B-C, observar que a distância de atuação da carga triangular do trecho A-B para a seção é igual a . Portanto:
- SEÇÃO S3 (C – D):
Eq. cortante
No entanto, torna-se mais fácil trabalhar com as forças atuantes “da direita para a esquerda”:
Dessa forma, só é necessário analisar o carregamento triangular presente no trecho C-D:
Portanto:
Eq. cortante
Note que o sinal agora é positivo pois estamos analisando as forças “da direita para a esquerda”. Segundo a convenção de sinais adotada, a força cortante é positiva quando a seção à esquerda tende a subir em relação a face oposta ou quando a seção à esquerda tende a descer.
A diferença entre o valor da cortante obtida ao final do trecho B-C (-132,4 kN) e o valor obtido ao final do trecho D-C (45 kN) é o valor da reação de apoio em C (177,4 kN).
Podemos, ainda, calcular o valor do esforço cortante à 2/3 do início da seção S3:
Utilizaremos o mesmo artifício para facilitar o cálculo do momento fletor: analisar as forças “da direita para a esquerda”.
Eq. momento fletor
Portanto:
Calculando o valor do momento fletor à 2/3 do início da seção S3:
4º PASSO: DESENHAR OS GRÁFICOS DE ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR
- ESFORÇO CORTANTE:
Para traçar o diagrama de esforço cortante basta ligar os pontos com os valores calculados anteriormente, devendo estar atento às descontinuidades provocadas por cargas pontuais e a forma como a carga distribuída se apresenta no gráfico.
Note que a expressão que determina o esforço cortante em qualquer seção dos trechos A-B e C-D é uma equação de 2º grau, portanto, o gráfico é formado por uma parábola.
Além disso, podemos calcular a distância onde a cortante tem valor igual a zero no trecho B-C.
Eq. cortante
A distância está em relação ao ponto A, portanto, o valor da cortante igual a zero está a 3,55m do apoio em B.
- MOMENTO FLETOR:
Como já calculamos os valores do momento fletor atuante em diferentes seções da viga, basta ligar os pontos.
O máximo valor positivo pode ser encontrado a partir da equação do momento fletor do trecho B-C utilizando o valor de x no qual cortante é igual a zero (onde a cortante cruza o eixo y, o momento fletor é máximo).
Eq. momento fletor
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
O exercício de viga isostática apresentado foi extraído do livro: